Leva meu canto, meu pranto e labor.
Me traz sinfonia , força e amor.
Leva o sufoco, a falta de ar.
Me traz alegria, razões pra respirar.
Leva o cansaço, as dores e desalento.
Me traz um abraço e flores ao vento.
Sou pequena, bem pequenina.
Sou de tudo criança, pequena menina.
Estou aprendendo a crescer e amar.
Sem nunca perder o brilho no olhar.
Como uma roseira, que era só um brotinho,
Sei que todo o perfume é pra vida um carinho.
A roseira dá flores, que perfumam e morrem.
E volta a ser um brotinho, assim se recolhe.
Na inflexão se renova a cada estação,
Floresce novamente – e bela!, de um singelo botão.
No meu recolhimento, não exalo perfume.
No meu refazimento, não transbordo pétalas coloridas.
Óh, Senhor do mundo, contigo aprendi.
Que os sorrisos mais bonitos são os das pessoas que tem as provas mais doloridas.
Que os amigos mais queridos continuam sendo apesar de distância e circunstâncias.
Que quando me prova na solidão é para que eu reconheça a dimensão de minhas próprias forças.
Que todo mundo sente muita dor, igualzinho a mim.
Que eu não sou ninguém demais, nem de menos. Eu só sou, só estou.
Que não devo esperar compreensão, mas sim me esforçar para compreender.
Que não devo oferecer indiferença ou desamor, quando me é possível amar.
Que não devo esperar receber bondade, para ser bondosa.
Que só é real o que faço oferecendo meu coração.
Que a vida é só um instante na eternidade e que todo significado que eu penso imprimir neste instante só permanecerá nas mínimas frações de tempo em que de fato amei.
Senhor do mundo, estou tão longe. Tão pequena e lenta, que pareço não te alcançar nunca. Mas também sei que está aqui perto, dentro de mim, implorando que eu siga ainda que rasteje. E seguirei.
Quando voltar a primavera
e renascerem as flores
Terei rosas mais belas,
e perfumados amores.
Aprenderei tudo que agora não entendo.
Agradecerei pelo inverno, pelo torpor e desalento.
Voltarei a sorrir, à toa, como nos velhos tempos.
Marina Soares